Digite sua senha
- Angelo Davanço

- há 3 dias
- 2 min de leitura
Por Renato Andrade

Eu sou aquele cara que ainda frequenta agências bancárias. Me considero supertecnológico, pois me restrinjo aos caixas de autoatendimento, mas sim, vou lá.
Familiares e amigos não se conformam e me mostram que até depósito de cheques pode ser feito via celular, mas fazer o quê?
Eu meio que tento preservar esse quase extinto ritual de pequenos encontros sociais, estar perto e ouvir outras pessoas. Acho que fui o último moicano a frequentar locadoras e sinto uma falta danada da conversa com atendentes e outros apreciadores de filmes.
Enfim. Essa excentricidade me proporciona rápidas e apetitosas historietas como a que segue:
Eu e mais três clientes, todos homens, executamos nossas modestas e honestas transações nas máquinas quando começa o alarido.
- Já botei o celular, a carteira, a pulseira e o relógio e essa porcaria não abre!!!
A mulher, inconformada com o impessoal travamento da porta de segurança, começa a perder a paciência...
Com o rabo do olho percebo que os outros ali, na mesma atividade, também anteveem o barraco, mas ficam firmes no "digite sua senha".
- Isso é um absurdo!!! Ladrão vocês deixam entrar, mas uma pessoa honesta fica barrada!!!
O tom vai subindo, na altura e na essência...
- Daqui a pouco vou tirar a roupa!!!!!
Aí se dá a coreografia, como uma equipe de nado sincronizado os quatro viramos as cabeças para conferir a inusitada performance.
A já quase senhora sorri com com essa virada escarpada "pescossiva" em grupo e arremata, irônica:
- Calma gente, sou correntista aqui desde que era Banespa!!!
O tipo da coisa que teria perdido na solidão fria e silenciosa de um envio pelo Iphone, conferir que o malíssimo politicamente correto ainda não ceifou todas as pessoas do mundo.





Comentários